Como tratar uma inflamação
As doenças inflamatórias crónicas são cada vez mais
frequentes. Explorar os fatores causantes e corrigir hábitos de vida é
essencial.
A Inflamação (do latim Inflammatio: acender fogo) é a forma pela qual se manifestam muitas
patologias. Identifica-se em medicina como “ite” (faringite, conjuntivite,
colite…) Para a sua definição clínica utilizava-se primariamente o fatores
enunciados por Celsos:
Calor-
Aumenta da temperatura da zona em causa. Que se deve á vasodilatação e ao
incremento do consumo local de oxigénio
Rubor-
Zona vermelha, por fatores de vasodilatação e aumento de pressão
Tumefação- aumento do líquido
intersticial e formação de edema
Dor- por libertação de
substâncias que os recetores da dor
Perda de função foi introduzido
mais tarde por Rudolf Virchow
Segundo John Huntter (1793)” a inflamação não é uma doença é
uma resposta inespecífica que produz um efeito saudável no organismo em que tem lugar”
Virchow não só definiu a perda de função como também a
inflamação crónica, que está na base de muitas doenças crónicas. A inflamação
crónica pode persistir por meses e anos. Pode ter origem numa inflamação aguda,
que não é tratada ou pode começar de maneira progressiva e pouco evidente. No
segundo caso podemos dar como exemplo a artrite reumatoide, aterosclerose,
tuberculose…
A inflamação crónica é, também, um fenómeno importante no desenvolvimento do
cancro e em doenças que eram consideradas exclusivamente degenerativas, como o
Alzheimer.
Quando temos uma inflamação o corpo tenta sempre restaurar
os tecidos lesionados mas os sintomas por vezes obrigam a tratamentos
exteriores para a cura. Por vezes o abuso de certos medicamentos ou de práticas
menos adequadas nos hábitos de vida podem ser adversos ao processo de cura.
A medicina naturista para modular o processo de inflamação
recorre muitas vezes ao jejum. A falta de apetite é um dos primeiros sintomas e
deve de ser respeitado. Pode ser um jejum de água, sumos, caldos (de legumes…)
e de infusões com efeitos anti-inflamatórios.
Os jejuns são também utilizados com técnicas detox em épocas do
anos em que abundam alimentos como o figo as cerejas e as uvas, o indivíduo come apenas esses alimentos, durante
uns dias . Este tipo de “jejuns” só se devem fazer depois de consultar um
profissional nesta área, pois pode ser um risco para a saúde se forem mal
feitos, e nem todas as pessoas os podem fazer.
O papel das gorduras
Uma dieta refinada, rica em gorduras saturadas e alimentos processados
pode ser a chave da elevada incidência de patologias crónicas que se observam
hoje em dia.
Os ácidos gordos do tipo ómega 6 incrementam a inflamação e
a agregação plaquetária, enquanto os ácidos gordos do tipo ómega 3 contribuem
para a redução da inflamação.
Os peixes, uns mais que outros, ingerem alimentos ricos em
ómega 3, alimentam-se de plâncton, algas e de outros peixes mais pequenos em
que a base da sua alimentação é também de algas e plâncton. A ingestão de peixe
de água fria pode ser uma boa fonte de ingestão de ómega, mas a maneira como o
confecionamos devido as altas temperaturas pode desnaturalizar o omega3.
A alternativa vegetal dos ómega 3 encontra-se em frutos
secos (nozes amêndoas…)os delicados ómegas estão protegidos pela casca grassa,
e os frutos devem ser ingeridos logo após a abertura destes. Os ómegas se
expostos á luz e ao calor perdem as suas propriedades anti-inflamatórias. A
linhaça rica em ómega três pode ser facilmente ingerida em semente ou em óleo.
Outros alimentos ricos em ómega três são algumas verduras de folha verde,
algas, sementes de cânhamo, e frutos secos.
Atualmente a industria alimentar utiliza na confeção de
alimentos gorduras parcialmente
hidrogenadas, estas, são mais estáveis permitindo a conservação dos alimentos
as vezes meses ou anos. Estas gorduras parcialmente hidrogenadas são
ricas em ómega 6, que contém um percursor inflamatório que é o ácido
araquidónico. Quanto mais ácidos gordos
ómega 6 tivermos no organismo menos capacidade o nosso organismo tem de utilizar
os benefícios do ómega 3. Pensa-se que na época paleolítica a ingestão de ómega
6 e ómega 3 era similar, atualmente é de 25 (ómega 6) par 1(ómega 3).
Antioxidantes
e exercício
Além da ingestão de gorduras saudáveis para combater a
inflamação existem outros mecanismos sinérgicos.
Antioxidantes - uma dieta rica em antioxidante pode ter um
papel crucial no combate ás lesões induzidas pelos radicais livres. Por exemplo
uma ingestão rica em carotenoides está claramente corelacionada com uma menor
incidência de lesões articulares.
Exercício – se houver um processo inflamatório pex articular,
impõem se o repouso. A dor e o edema são sinais fisiológicos que nos dizem que
devemos parar, mas muitas vezes depois de tomar medicação e não sentir a dor
continuamos a forçar sem dar temo suficiente ao corpo para recuperar não
falamos em repouso absoluto mas em respeitar os nossos corpo , para depois
voltar-mos em força ás nossas atividades. O exercício é uma arma essencial
neste processo, deve ser adaptado ao indivíduo, e preferencialmente uma
atividade que dê prazer, só assim será constante e continuado ao longo da vida.
Pontos
essenciais numa dieta anti-inflamatória
- Substituir as gorduras saturadas e trans que são ricas em
ómega 6 (óleo de girassol, de milho, de palma)que favorecem a inflamação por
ómega 3 que combate a inflamação. Boas fontes de ómega 3 são o azeite, óleo de
abacate e de linhaça.
- Uma dieta abundante em legumes e fruta, tentar substituir
snacks pouco saudáveis por fruta.
- Incrementar a ingestão de fibra. A fibra ajuda a reduzir a
inflamação, o objectivo seria umas 30gr
dia(cereais integrai, leguminosas, legumes, fruta)
Alimentos benéficos ricos em ácidos alfalinolénicos, percussores
dos ómega 3, como: sementes de linhaça, microalgas(clorela, espirulina…)nozes,
sementes de chia…
- Especiarias com componentes anti-inflamatórios: alho,
cebola, gengibre, curcuma, orégão, noz moscada…
- Diminuir alimentos inadequados por aportarem grande
quantidade de gordura trans e omega6 como: carnes vermelhas, produtos lácteos,
óleos parcialmente hidrogenados( óleos diversos, margarinas. Alimentos
processados com grandes prazos de validade como bolachas e snacks, pão embalado.
Diminuir a ingestão de alimentos refinados, pão branco, bolos, arroz
instantâneo, comida pré- confecionada, cereais de arroz e milho(que contém
muito açúcar e gordura)
- Diminuir alimentos que podem provocar intolerâncias (os
efeitos variam de pessoa para pessoa) produtos lácteos, glúten, corantes,
aromatizantes…
Outros recurso para o tratamento da inflamação…
- O relaxamento e as técnicas de controle mental podem
ajudar a controlar a dor e a melhorar os processos inflamatórios. A sua
eficácia foi demonstrada através de mecanismos neuroendócrionos e de
imunomodulação.
- A acupuntura tem eficácia demonstrada em alguns processos
inflamatórios tal como na analgesia.
- Hidroterapia é muito efetiva no tratamento da inflamação
O aspeto mental e emocional
são importantes, a calma e o processo de confiar que o nosso corpo tem uma
palavra a dizer nestes processos e que as vezes o parar é o melhor remédio deve
ser apreendido com uma etapa de recuperação e não de perca de tempo. Ser ativo
e fazer o que está ao alcance de cada um. Aplique estas dicas, respire e
fortaleça o seu sistema imunitário.